quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

e então, numa bela tarde de verão, daquelas em que o sol insiste em sua missão de iluminar o mundo de amarelo, eles se despediram. usaram aqueles mesmos instrumentos eletrônicos que antes serviam para "olá", "bom dia", "tudo bem?", "já pode?" e tantos outros símbolos em forma de palavras de amor. todavia, decididos em partilhar ao menos um último sentimento em comum, não se disseram adeus. entendidos da vida e de sua dor orgânica, perceberam que ela vai e volta. notaram que hoje é o dia da ferida; amanhã o dia da superação; depois de amanhã, ninguém sabe. disseram um doce "até logo". porque, nesta vida, os dias passam rápido, e os anos correm ligeiros como a chuva deste mesmo verão vespertino que hoje os abraçou, distantes. trocaram velhos enigmas, apenas para inaugurarem uma vida nova, a sós. o moço, épico, prometeu a espera costumeira, já dilacerada na primeira vez. a moça, ferida, não prometeu nada, mas sugeriu, em signos marinhos, que o sorriso poderia voltar a emoldurar seu rosto de alabastro... um dia, não agora, porque o agora machuca demais.

até logo, queijo branco... até logo, amor orgânico. até logo... até logo... porque já não conto mais o tempo... que ele passe... que ele voe... que ele não signifique nada mais...

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