domingo, 3 de abril de 2011

sobre o pão e as migalhas

Ricardo: - O pão e as migalhas. Nunca mais vou contar sobre o que sei. Calabouço das ideias sou eu. Joguei as chaves fora. Dou-lhe dois tiros e só.
Laura: - Por que fala assim comigo, Ricardo? Não entendo uma palavra do que diz. Estou ficando preocupada, não me parece mais literatura, na verdade.
Ricardo: - O homem é lobo do homem, e só. Guardo todo o resto em rótulos no meu peito. Não sou mais nu, não mais. Dou-lhe um tiro, é só.
Laura: - Por favor, Ricardo. Fala comigo. Chega de metáforas. Fala claramente. O que está acontecendo? O que devo entender de tudo isso?
Ricardo: - Ordenar o caos é trabalho vão. O inverso do que se diz é o que se sente, todos os dias. Migalhas, migalhas e migalhas... Cadê o pão. A arma está oca, não te sobraram tiros.
Laura: - Ai, Ricardo... Acho que entendi. Finalmente entendi. Me dá essa arma. Eu carrego pra você. Deita, no meu colo.
Ricardo: - De todas as migalhas que ofereci ao mundo, você foi a única que conheceu todo o pão.
Laura: - Eu sei. Agora dorme. Eu amo você!

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