sábado, 2 de abril de 2011

Os bocados são sempre bons, desta fruta a que chamam vida. Sempre bons de comer, lambuzar e jogar fora, no meio do asfalto negro molhado pela chuva. Há quem pense me conhecer, porque me lê nas entrelinhas do que se faz público, blog, twitter, facebook. Há quem pense que é isso a vida inteira, bocados que se oferece ao morador de rua. Há quem pense já saber de tudo, de antemão, sem sequer contar os inúmeros vãos do que não se diz, não se proclama, só se sente. Ai, a dor que se camufla, a alegria que se finge, o sucesso que se pretende. Ai, o louvor que se clama, a chama que se arde, o mal que se inflige. Ai, a companhia que se namora, a solidão que se tateia, a arte de não ser. Palavras, palavras, palavras! Somente palavras, nada mais. Ficção de estar vivo, sem ser. Linhas que se escrevem automaticamente, com o pavor de não ser lido e nunca mais saber de você. Nem me venha mais, porque não estou aqui. Nem me venha mais, porque não sou. Nem me venha mais, porque te sugo o coração, só para ter de volta o meu.

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