quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ensaio 02 - Dezembro.



A literatura não nasce do tédio... Não há profundidade literária do "estou sem fazer nada, vou escrever"... Ou do simplesmente "não sei o que fazer hoje"... Estou definindo e, portanto, limitando, cagando regra, mas a arte literária é a arte do contato, do "ter o que dizer", mesmo que o dito seja o vazio. Ou, talvez, nem do "ter o que dizer" saia a arte literária. Porque a arte de escrever é, como toda arte, ofício, labor, esforço, construção. Ela tem sim fórmulas, regras, condutas, páginas em branco. E aí ela pode até ser mesmo uma arte do tédio, se bem construída, letra após letra e clichê após clichê (como agora se faz aqui). Seria, então, a arte literária um ofício meramente técnico? Como um estudo acadêmico de natureza morta ou um ensaio chato técnicas fotográficas reveladas em um nu artístico? Tão chato ficar perguntando o que é a arte... Mas o que é a arte literária? Do que ela é feita além de letras bem ordenadas? O que essencialmente difere um poema de Baudelaire e um de cordel? Ou a construção preciosista do Parnasianismo da escrita automática da Geração Beat? É a forma? É o conteúdo? É sua época? É o leitor? Ah... O que é preciso para ser um grande escritor, afinal? O que se estuda para escrever bem? O que se vive para escrever profundamente? O academicismo tem a resposta? A viagem do LSD? Existe resposta? Existe mesmo, afinal, essa fronteira entre o que é ou não é literário? Existe? Onde ela está? O que é preciso fazer?

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