Todo capitão navega sob uma bandeira. Eu, caveira branca em fundo preto. Corsário, encarno o motim dos amores e desejos inomináveis.
Relegado à pirata, não pela monarquia que me governa, mas por seus opositores, não navego à deriva, salvarei a rainha no seio de seu castelo.
Salva, não exercerá poder sobre aquele reino decrépito. Governará a nação de nós dois. E, sob seu cetro, nunca mais os bárbaros passarão!
Minha rainha nunca me transformará em rei. Serei sempre seu capitão em armadura de cetim, pronto para as batalhas de sua casa de bonecas.
Não há caminho de volta. Nada mais importa. Eu só preciso de você. Entre em meu navio, sou seu capitão amotinado. Você é o meu amor.
(...)
Elevem vossos grilhões, oh inimigos do reino! Elevem vossos grilhões e esperem pela força máxima de minha paixão! Eis que me levanto…
…e recrio da escuridão todas as coisas. Capitão dos desejos e das sombras é o meu nome! E você? Como se chama, oh escravo das masmorras?
A abundância de vosso rigor fortalece as chamas de meu peito líquido. Minha força é infinita, vosso poder inamovível. Preparai-vos!
Preparai-vos para a tempestade que trago à vossas águas! Preparai-vos para o fim de toda a doçura! Preparai-vos para as dores do combate!
Não há treinamento para a dor que agora sinto. Nem palavras que descrevam o ato final desta redenção. É chegada, é chegada a hora do juízo.
Estais prontos para perder tudo o que ama? Tens coragem de empreender a batalha secular que preparei só para vós? Eis que sereis derrotados…
…no interior de vossa casa das prisões eternas. Manifestai-vos, escravo das masmorras! Tão somente para capitular ante o fio de minha espada.
(...)
E seguiam, o Capitão e a Rainha, trocando mensagens proibidas através de pombos correio secretos. Letras de morte, amor, juras eternas.
A distância cruel do cativeiro os atormentava o ser. Confundia a percepção de seus sentimentos, mas nunca sua certeza! Era amor, era amor.
A sós, no segredo cativo, entoavam hinos em nome de sua adoração mútua, interminável, deles! Quais os deuses que contemplavam agora?
Eram aqueles de seus pais? Eram aqueles dos mitos do passado? Eram deuses engarrafados? Ou eram eles mesmos? Teocêntricos de si mesmos!
Encastelada e velejando, sonhavam com o dia do encontro, do pra sempre, do pra nunca mais, do pra mais ninguém. Olhavam-se, paredes e velas.
A distância apenas os encorajava a arriscar tudo. Paredes e velas. Alçapões e mastros. Cabelos e tapa olhos. Ela e ele, ninguém mais!
Leia como uma Metáfora: O halotano é uma droga bastante utilizada para induzir anestesia geral. Trata-se de um poderoso anestésico de inalação, não inflamável e não explosivo, com um odor relativamente agradável. Após a inalação, a substância chega aos pulmões tornando possível a passagem para o estado anestésico muito rapidamente. Porém, os efeitos colaterais incluem a depressão do sistema respiratório e cardiovascular, sensibilização a arritmias produzidas por adrenalina e lesão hepática.
sábado, 10 de setembro de 2011
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