quinta-feira, 18 de junho de 2009




Já disse e repito: coleciono metáforas inúteis.

Certa vez, conversando com minha própria conciência disfarçada de interlocutor feminino virtual no MSN, elaborei um esboço do que seria uma nova filosofia: a metáfora do "si mesmo", a metáfora do self. A vida deveria ser encarada como, ela mesma, uma metáfora; tornando-se, assim, uma mímica dentro da realidade; uma ficção viva dos seres.

Todavia, como uma catapora (mais uma metáfora, a melhor maneira de não dizer nada), a vida coça. Todavia, ao coçar a vida, ou deixar que ela coce você, ela infecciona. E infecções são o início da morte. O vislumbre dela, sem esperança, contudo. Paradoxalmente (estou usando esta palavra fora do eixo), o ato mesmo de coçar é o único que poderia aliviar o peso de contrair a maldita catapora. Coçar-se alivia. Coçar-se infecciona. A vida já se virou em metáfora da escravidão.

E, assim, a poesia morre, no meio do botão da catapora que coça sem poder. A vida arde, pois ninguém sobrevive mais do que um dia com catapora sem se coçar inteiro, dos pés a cabeça, e infeccionar cada parte do corpo nu. Com ardor, a coceira se transforma em aflição, em angústia de estar vivo! Agônica, a vida se veste de catapora e nos atormenta como uma bolinha vermelha que não nos revela a verdade das origens, sim o leito do repouso eterno, que nunca vem... Esperamos a morte, que nos pararia de coçar com a vida, mas a noite não vem, não nos refresca, mantemo-nos vivos e além!

Postado por Diário Halotano.

2 comentários:

Anônimo disse...

Wow,
Essa sim agora é minha favorita!

Filha da mãe, está escrevendo muito bem! hahaha

Mas tudo bem... O seu sucesso é o meu sucesso e reciprocamente.

Ricardo Lazok disse...

A metáfora é a melhor maneira de não dizer nada.

Leia o livro: "Tia Julia e o Escrevinhador", de Mario Vargas Llosa.

Sucesso, como metáfora, é relativo. Sacou?