terça-feira, 3 de março de 2009




Após longa pausa (nossa, como eu me conforto com esta palavra), sigo o caminho com minha série sobre o "anônimo". Hoje, quem nos oferece sua pitada de anonimato é a Paulinha Iglesias, amiga de longa data, heroína da resistência que prefere permanecer anônima.

Anônimo: “1. Pessoa que vive no anonimato; 2. Quem quer falar, mas não quer assumir a autoria”.

Apesar do raciocínio tautológico, inerente à nossa amiga em questão, Paulinha nos revela uma ação sem sujeito. Ou seja, uma atitude nevoenta, sem testemunho, ausente de autoria.

Como que em transe, seu pensamento nos guia à uma via sem fim. Nada de ruas de tijolinhos amarelos, nada de submarinos amarelos, nada em cores. Somente o fim, antes do começo; a conclusão, antes da premissa; a inação, antes do desejo.

E qual a relação disso tudo com o sorridente charuto de nossa imagem? Nenhuma. Ou todas.

"Minha música é água fria e gelada", diria nosso mestre músico, comparando-se aos ditos mestres dos coquetéis musicais dos séculos XIX e XX. E, assim como nossa definição anônima de hoje, Sibelius preferiu uma vida austera. Casou-se, fez-se pai, compôs a simplicidade, como que se fosse possível personificá-la em sons finlandeses.

Admiro-o pela audácia em afirmar-se cru ante sua mais do que formidável coleção de composições. Aprecio sua música justamente por tocar diretamente no estômago, levando a alma a um passeio frio pela verdade cristalina de estar vivo! Nada de piruetas dodecafônicas... Nem um pouco de preciosismo moderno... Apenas notas, melodias, sons, harmonia, pureza, liberdade e o real... Um tapa, um gole, a revelação!

Postado por Diário Halotano.

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