domingo, 22 de julho de 2012

Uma carta de adeus…

Não tem mais graça, acabaram os roles, findou-se a esperança. Aos trinta, percebo uma vida de porvir. De expectativas que não se cumprem. De ansiedade crônica. Vivi o amor, daquele descrito por Álvares de Azevedo, sublime e único; ardente e eterno; virgem e romântico. Ele está aqui, intacto e vivo. Mas o fiz morrer, traidor de causa própria. Não consigo viver com meu erro, erros. Não posso pedir que se conviva comigo. Meus pecados me atormentam como fantasmas de uma escuridão tão palpável quanto etérea. Camaleão, arrancaria minha própria pele, não somente meus pêlos, para nunca mais transitar por tantas verdades, efêmeras. Sou o maior vilão, em uma história povoada de mocinhos. Chapéu, barba, charuto, whisky, olhos cerrados, botas usadas. Sombras, pó, destroços, fumaça, maldade, marcas de guerra. Palavras soltas em um corpo maltratado pela fratura autoimposta. Poesia destruída por um espírito amaldiçoado pela morte de tantas possibilidades que poderiam ter sido e não foram. É o fim da linha, ponto final, combustão. Fiquem em paz, não se perguntem porquê, não se encham de ais, vivam. Aproveitem cada sanduíche, bebam cada vagina, sorvam cada pênis, corram cada trilha e esmurrem cada obstáculo. Coragem. Não saibam nunca o que é ser o homem mau, por trás dos olhos tristes, obrigado a construir mentiras e álibis somente pra trair a felicidade entregue à porta numa manhã de trabalho. Sejam honestos. Em algum lugar, em alguém, deve haver a esperança. Porém não aqui, não para mim. Fim da linha, ponto final, combustão. Antiplacebos, combustível, a negação do onírico. Adeus!

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