
De olhos fechados para qualquer realidade, abertos apenas para o abstrato. Se os abro, vejo as chamas. Prédios caem, uma criança chora, vejo pedaços de renda francesa preta se queimando no chão.
Mas, de olhos fechados, o chão é de vidro, e vejo toda a cidade iluminada sob meus pés. Imagine se pudéssemos ir pra qualquer ponto dessa cidade?
Tentei quebrar o chão de vidro, pois daí seríamos plenas, eu e a arquitetura. Mas no meio dessa viagem ao abstrato abri meus olhos. Ao contrário do que era antes, as chamas e rendas pretas carbonizadas vieram parar dentro de mim. Meu corpo são os prédios a desmoronar. Por fora, sou só aquela criança que chora.
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