domingo, 24 de julho de 2011

Apresentando T. S. Campbell




Era uma noite quente, no verão de Nova Jersey. O céu estava limpo, podiam-se ver as estrelas, e a luz da lua iluminava as paredes de tijolos vermelhos da Delegacia. Era mais uma daquelas noites em que o clima contrastava com a roupa usada por T. S. Campbell, em uma de suas primeiras missões como detetive da polícia do Estado de Nova Jersey.

Recém-transferido do Escritório de Cyber-Bullying em Nevada, para a Homicídios de Nova Jersey, Campbell já era conhecido nas ruas por suas roupas inadequadas. Nunca usava terno e gravata (mesmo quando saía para fazer notificações de morte aos parentes de uma vítima), sempre vestia um chapéu Panamá, jaqueta de couro, calças grossas de brim, Converse All Star Chuck Taylor, cano alto, preto (também de couro, diga-se de passagem) e camisetas de manga longa, como se esperasse, a cada noite, ou o frio repentino do deserto, ou encontrar alguns de seus casos antigos, envolvendo centenas de adolescentes alucinados.

Fora sua inadequação indumentária, T. S. Campbell quase não era notado por entre os outros investigadores de polícia em Nova Jersey. Ainda muito novo, relativamente baixo, loiro, cabelos ondulados, misteriosamente transferido de Las Vegas, primeiro ano na Homicídios e companheiro do espetacular Andy McBulge, um irlandês ruivo, 1,88m, 13 anos na Homicídios e com um recorde marcante de prisões e casos fechados, Campbell não era um indivíduo que causasse impressão.

Todavia, pragmático, Campbell não se importava com deslumbramentos e opiniões alheias. Como diriam em Nevada, era apenas um garoto que executava as ordens, realizava seu trabalho, não fazia perguntas. E nunca, nunca olhava para trás. Não se permitia qualquer reflexão que tirasse sua atenção do trabalho. Enquanto não fechasse um caso, não pensava em outra coisa.

Entretanto, esta era uma noite diferente para T. S. Campbell. O assassinato brutal de uma jovem de 17 anos, no pátio da Escola Elementar de Ocean Gate, no Condado de Ocean, Distrito de Ocean Gate, muito perto de sua nova casa (um galpão abandonado, perto do cais, adaptado como moradia, para este solteiro que o usava não como um lar, na definição mais romântica da palavra, porém como dormitório), fazia-o lembrar incessantemente de sua terra natal, de seus casos ainda abertos, nunca resolvidos, na Divisão de Cyber-Bullying do Condado de Clark. Teria sido aquela jovem uma vítima de Bullying? O que diriam as evidências? Qual seria o desfecho dessa história? O que seria desta investigação, ao lado de McBulge, o grande paladino dos casos fechados (sejam lá quais fossem os métodos usados para isso, o irlandês não era exatamente conhecido pela limpeza de suas técnicas, mas pelo brilho de suas estatísticas)?

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