terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Foto: Fabrício Remigio.


Este texto dá continuidade à minha série relacionada aos animais que chamam a atenção. Estes três me atraíram pelo simples fatos de serem simulacro. Não são animais propriamente ditos, mas fingem o ser.

O mesmo acontece com muitos de nós, embalagens de seres humanos. Em uma prosopopéia ao contrário, por exemplo, é comum chamarmos nossos queridos (ou aqueles odiosos) de "camarão", "elefante", "vaca", "girafa", "lesma", ad infinitum.

Entretanto, não é desta relação homem-animal que faço referência. Quando disse que aprecio os animais da foto por serem "simulacro" do real (contrariando Jean Baudrillard), significo que o real é (não em si mesmo, mas para quem o vive) a imitação própria.

A nossa realidade moderna (alguns insistiriam em chamá-la pós) é uma coleção de fetiches e, portanto, simulações do que deveria ser, nunca uma presença empírica do "em si". Deste modo, como em Michel Maffesoli, nossa sociedade não atinge, nunca, a essência dos objetos, dos sonhos, dos sentidos, do que se é; sim os simula todos, como que em um teatro cinematográfico de fotografias do inconsciente. E, como tal, jamais aflora da psiqué. Existimos como que em trânsito, pois não vivemos, não experimentamos, apenas sentimos.

A grande surpresa reflexiva que toda essa demonstatação me traz é a de que, mesmo em um mundo de sonhos, nossas "necessidades" (sejam físicas, sejam da fantasia, como proferiu Marx) estão eternamente insatisfeitas. Vivemos em estado constante de desassossego, insatisfação, ansiedade, desejo, falta, depressão.

Sinto que os habitantes do munto "estão", não "são". Insanos por sua própria natureza onírica. Como que sob o efeito de pílulas para uma esquizofrenia crítica, que não consegue determinar a própria denotação.

Postado por Diário Halotano.

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