Leia como uma Metáfora:
O halotano é uma droga bastante utilizada para induzir anestesia geral. Trata-se de um poderoso anestésico de inalação, não inflamável e não explosivo, com um odor relativamente agradável.
Após a inalação, a substância chega aos pulmões tornando possível a passagem para o estado anestésico muito rapidamente.
Porém, os efeitos colaterais incluem a depressão do sistema respiratório e cardiovascular, sensibilização a arritmias produzidas por adrenalina e lesão hepática.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Nunca escrevi sobre bloqueios criativos, pois eles são impassíveis de definição, apenas sujeitos à espera e muita paciência. Muitos o tentam explicar, porém todos os que sobre ele minutam têm o mesmo objetivo: ultrapassá-lo!
Enquanto como macarrão e penso sobre a continuação do capítulo do meu livro, ofereço-me para esta banalização da escrita automática, que é um blog. Permito-me esta auto-indulgência, afinal, todos deveriam ter o direito de um espaço escrito no qual errar e desfazer-se do peso que é tentar escrever com consistência.
E, enquanto passo do macarrão à canjica, não me desespero e me dedico, sem me apegar, à essa escrita prosaica e despretensiosa, tentando apenas cuidar do meu canteiro das ideias, até que ele volte a dar frutos.
Postado por Diário Halotano.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Imagem: http://roballolereaprender.blogspot.com/ Ah, existe sim um submundo da educação. Entremeado de subornos, ofensas, mandonismos e prostituição intelectual. E estamos todos inseridos nele, ou como participantes ávidos, ou como vitimas, ou como críticos! É um modelo velado, mas tão presente quanto a luz do sol nas sombras.
E vivemos neste contexto como vivem os processados de Kafka, ou os cândidos de Voltaire. Ou como agentes, ou como vítimas silenciosas e deslocadas, em um mundo que não nos pertence (e a ele não pertencemos), definitivamente!
É, mas como já afirmou um texto anterior, seguimos seguindo, em um gerúndio que, apesar de vir a calhar, torna-se cada vez mais áspero!
Postado por Diário Halotano.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Ossos vítreos, estáticos. Vozes estranhas, distantes. Amplitude arquitetônica em corredores perpendiculares, racionais. Não há fotos nas paredes, ausência da memória. Aqui não se celebra o passado, vive-se um presente pragmático e calculado; projeta-se o futuro, maquinalmente, sem angústias, sem perguntas, quase sem reflexão crítica.
Ossos, moribundos nos corredores, sob a luz da rua, são mais livres do que emparedados, em suas saletas quadradas, presos em sua realidade auto-gerida de investigadores da vida, ausente.
Ossos, esqueletos de uma montagem auto-suficiente sem relevância aos de fora. Quem se importa com o que se passa nessas arcadas, amplas e retas? Quem se beneficia senão somente aqueles que delas bebem os químicos mortíferos da ausência completa de criatividade? Pó, escombro, carcaça, palha, formol. Modorrentos simulacros da morte após a vida.
Ossos vítreos, estáticos. Vozes estranhas, distantes, desconhecidas. Solidão. Amplitude arquitetônica em conexões alinhadas. Pavor. Tudo está claro e sombrio. Vejo vultos por todos os lados. A cada janela, a luz. A cada porta, espectros do que não existe, aracnídeos gigantes e ilusões ópticas monstruosas.
Ossos, em um estalar de ossos, sou um inseto. Grande, articulado e horrendo. Misturo-me a outros restos, mas não pertenço a este lugar.
Observo as luzes da cidade, da janela, como de costume. Hoje foi um dia solitário, caminhei no parque. A solitude troxe à tona novos pensamentos sobre velhas dúvidas.
Tomei decisões importantes hoje. Sobre minha vida a dois com a Elise, meu trabalho, minhas perspectivas criativas, minha abordagem metafísica da realidade, minha saúde (mental, física, espiritual), sobre como usar os pronomes possessivos com mais qualidade.
Decidi correr riscos e amadurecer. A ambiguidade criativa, que tanto me marcou nos últimos anos, será um pouco deixada de lado. Adoto, a partir de hoje, uma posura mais prática e mais direta. Meus textos, assim espero, tomam novos rumos. Deixo as reticências e tomo pontos finais, dúvidas se transformam em decisões. Textos efêmeros, como este, nesta plataforma virtual, deverão reformular-se em capítulos de um livro. A fase de transição e dependência intelectual chega ao fim. É um marco!
As metáforas, em suas várias facetas, transformam-se em comédia, a verdadeira arte de dizer a verdade. A impovisação, em preparação, a verdadeira técnica da honestidade. A adoração do passado, em perspectivas de futuro, o verdadeiro caminho da busca pela felicidade.
Sejam bem vindos. Hoje este espaço virtual se reinaugura. Reaberto para o público. Renovado para mim mesmo.
Postado por Diário Halotano.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Já escrevi sobre o infinito... Assim como já o fizeram diversos literatos, filósofos, músicos, angustiados de plantão. O infinito nos atrai, porque nos sentimos seres incompletos, sempre. A ausência de nós mesmos clama por um infinito que acaba a cada dia, e se renova. Mais uma vez, tecemos poesias como máquinas de lavar louças, quase sem perceber que construímos o infinito a cada nova manhã.
Dia após dia, portanto, enchemo-nos de nós mesmos, como que restaurando o que há de vir, e que ainda não é, mas já está lá. Viajamos, trabalhamos, concorremos pela melhor costela ao molho! Somos nós mesmos, com medo, esperança, fidelidade, estranheza, fisionomia, reflexos no espelho... E compartilhamos isso tudo com quem quiser nos acompanhar, afinal, provar o que somos é cansativo e monótono. Esse jogo do vai-e-vem é sempre tão previsível, competitivo...
Somos o que somos. Somos o que seremos. Somos o que bem entendemos, nessa nossa concha que chamamos vida. Viver é bom sim! E ninguém tem lá muito a ver com o que escolhemos para preencher esse verbo chamado centelha de vida!
[Texto escrito em homenagem ao aniversário de Luis Miguel Zanin. Feliz Aniversário! Eu estava lá...]
Postado por Diário Halotano.
domingo, 6 de setembro de 2009
Como um menino saído de um livro do Kafka, contemplo a rua pela janela do quarto. Não há aqui nenhum senhor que me condene o ato, dizendo-o preguiçoso ou pouco produtivo. E, da janela, vejo muitos passarinhos. Há ainda alguns, persistentes, heróis da sobrevivência, sobrevoando a copa de pequeninas árvores citadinas.
É quase um bálsamo olhar o que restou da vida natural, em uma cidade que cresce até em suas bordas periféricas. Não nos faz esquecer os problemas e dores, entretanto nos conecta com algo maior do que nós, livre e solto; alegre e bonito.
Foi mais fácil trabalhar hoje, com o canto dos passarinhos, felizes pelo fim da chuva, revigorante, mas doída nas asas e na pele.
Que outros domingos como este venham me abraçar, como me afagou a alma o dia de hoje. Que mais e mais pássaros voem na copa das pequeninas árvores. É uma delícia vê-los! A contemplação é tão rara nos dias corridos da semana toda, que me surpreendi ao saber que ainda possuo essa habilidade viva em meu ser. E, é verdade, a contemplação salva!